Um susto, o acaso quem sabe? Surpresa que me alegrou, um presente que aos meus cuidados se apresentou...
Quando me deparei diante daquele ser'zinho, a fragilidade e e a vontade pelo carinho que transparência em seus olhos, e que emanava do seu corpo. Encontrei-o ferido, talvez tivesse apenas amedrontado, mas ao certo de mim carecia.
Eu criança boba que sou, sem receios, tomei-o para mim, para que fosse meu somente, e que somente meu seria, não por egoísmo ou altivez, mas por mais uma vez a vida que em mim somente havia pudesse dividir para a plenitude aflorar.
Cuidar de ti era minha brincadeira favorita. E ti dengar, meu acalanto, um corpo que expressava a exatidão da arte, a dança, o movimento, e que movia o meu corpo ao movimento do seu, como as ondas do mar, um movimento após o outro, movimentos sincronizados e simultaneos como uma máquina a trabalhar, a energia que gerava, os fluídos que pelo tal movimento produzia.
Ao abrir seus braços, percebia que eram bem maiores que os meus, e quão estranhos se apresentavam pois na verdade braços não possuia, e sim asas, que o adornava, foi exatamente aí que percebi, o lugar que na verdade deveria estar...
E ainda quis imitar seus movimentos, erguento os braços em forma de cruz, porém o máximo que poderia chegar era aspirar o seu voar.
Quando num outro dia qualquer, ao desfilhadeiro nós estavamos e com meus braços o agarrei e o lancei ao alto, não para o lançar fora de mim e sim para impulssionar seu vôo, não por querer que estivesse longe de mim, e sim por querer que estivesse no seu devido lugar. Nos palcos dos céus a dançar...
E saber, que a mim não foi dado o mesmo dom, mas que meus braços erguidos permanecerão, para que através da aspiração, talvez atrir ou não, esse ou outro vôo que vi parti, ou até mesmo um dia aprender a voar...
Robson Demétrio
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