que dia a dia vai me possuindo
gerando uma ferida incurável
que vai consumindo e consumindo,
tomando o órgão que está impregnado,
no caso o coração, único órgão do corpo,
o qual move por se só,
sem sequer ter necessidade do cérebro
(o comandante do corpo) para se mover,
e mesmo doente continua...
E por essa tal doença e que,
pouco a pouco também vai
tomando posse do corpo até chegar a sua totalidade,
e definhar a vida e seu vigor,
o deixando doente,
foi aí que nunca mais amei.
Vida essa, que não havia em si
completamente a felicidade,
mas era sonhador,
adorava erguer essas minhas asas grandes e voar,
e por um breve momento atingi os céus
e como também por breve momento pensei
que ali seria minha morada,
e tu preferiste arrancar-las uma a uma,
talvez preferisse que permanecesse apenas no chão,
e nunca mais pude voar,
foi aí que nunca mais sonhei.
As cores que me fazia ver
eram tão vibrantes que me desnorteava,
as tuas cores eram mais claras,
parecia que me fazia enxergar
coisas que não via antes,
como se me fizesse enxergar
como por através dos teus olhos
e não pelos meus próprios
e que sem os mesmos não pudesse mais ver,
foi aí que nunca mais enxerguei.
Subitamente cauterizaste minha mente
para não mais pensar,
para que nunca mais viesse mentalizar
que um dia fomos felizes,
e que através da dor do presente
nunca mais viesse sentir
nem que fosse uma sombra,
a alegria do passado,
ou que um dia pudéssemos ser um novamente,
foi aí que nunca mais vivi.
Tudo parece que depois que o tive,
não poderia mais viver sem ti,
tudo demonstrava que seu álito era minha respiração
e sem o tal viveria em um não respirar.
E que seus pés fossem o caminho
pelas pegadas que deixava,
e sem os mesmos viveria em um não caminhar.
Sua criatividade, que apresentava a cada dia
nosso cada dia, desenrolar
e sem a tal viveria em um não festejar
apenas nunca pude imaginar
que essa dependência fosse tão trágica
e que um dia, trágico dia, pudesse dizer:
- Não te Amo! e não quero sentir pena de ti.[ponto]
Robson Demétrio